Por Dilyana Gaytandzhieva
Pelo menos 150 empreiteiros militares particulares foram transportados para a Europa em voos fretados pelo Pentágono durante as últimas semanas, de acordo com informações e dados de voo analisados pela Arms Watch.
Empreiteiros militares norte-americanos operando em Benghazi (Líbia) foram transferidos para a capital da Bulgária, Sófia, em 28 de outubro de 2020, via Malta, utilizando duas aeronaves, conforme fontes do aeroporto de Sófia revelaram.
Boeing 767 com registro N495AX operado pela Omni Air, EUA (um empreiteiro do Pentágono que trabalha sob um contrato de US$ 19,8 milhões para serviços de transporte aéreo, de acordo com informações do registro de contratos federais dos EUA)
Um avião Saab 2000 com registro ES-NSH operado pela Nyx Air – Estônia


Em 27 de outubro de 2020 às 14:23 UTC o Boeing 767 americano com registro N495AX operado pela Omni Air decolou do Aeroporto Internacional de Dulles, Washington e às 22:51 UTC pousou no Aeroporto de Sófia.

Em 28 de outubro às 3:45h o N495AX partiu do aeroporto de Sófia e às 6:23h pousou em Erbil, Iraque.


Às 7:50h (hora local) o avião de registro N495AX partiu de Erbil para Malta.


Enquanto isso, às 7:21h, o estoniano Nyx Air ES-NSH partiu de Malta para Benghazi.

Já o ES-NSH partiu de Benghazi para Malta e às 10:50h a aeronave pousou no aeroporto de Luqa, Malta.

Uma hora depois, às 11h56 am, o N495AX aterrissou em Malta vindo de Erbil.

Poucos minutos depois, o avião estoniano ES-NSH decolou de volta para Benghazi.

Depois que o ES-NSH partiu para Benghazi, o N495AX partiu para Sofia às 13h.


Passageiros de Erbil a Benghazi
Segundo informações de voo, 17 passageiros da Erbil foram transportados pela Omni Air N495AX para Malta de onde foram transferidos para Benghazi pela Nyx Air, matricula ES-NSH.
Passageiros de Benghazi para Sofia
23 passageiros de Benghazi foram transportados pela Nyx Air no ES-NSH para Malta de onde foram transferidos para Sofia pela Omni Air, no avião de registro norte americano N495AX, como revelam informações do Aeroporto de Sofia. Os dois aviões trocaram passageiros.
Embora o exército americano não opere oficialmente em Benghazi, o número de voos entre Benghazi e Washington aumentou desde junho, de acordo com um relatório de investigação publicado pelo The Times.
O N495AX partiu de Sofia para Washington e aterrissou no aeroporto de Dulles às 00:54 UTC do dia 29 de outubro.

No mesmo dia, 29 de outubro, às 14:05 UTC, a mesma aeronave Omni Air (N495AX) partiu do aeroporto de Washington Dulles e pousou novamente no aeroporto de Sofia às 12:30 (dois voos consecutivos em apenas dois dias).

Duas horas e 25 min depois, às 2:55 am do dia 30 de outubro outro Omni Air Boeing 767 com registro N207AX pousou no Aeroporto de Sófia vindo do Aeroporto de Washington Dulles.

Enquanto o N207AX (OAE6639) ainda estava taxiando, os outros aviões da Omni Air N495AX (Boeing 767) partiram de Sofia às 3:02 da manhã em direção leste para Cabul e depois voltaram para Sofia e Washington.

Voos militares com status especial para Sofia e Bucareste
A Omni Air realizou uma série de voos para a Bulgária e Romênia nos últimos meses, como os dados de voo mostram. A companhia aérea foi contratada pela US Transportation Command para transportar passageiros e cargas para o Pentágono, de acordo com informações do registro de contratos federais dos EUA. Estes voos são militares com status especial operados por aeronaves civis – voos MARSA.


A atividade incomum dos EUA nos Bálcãs aconteceu dias antes das eleições presidenciais na Moldávia, programadas para ocorrer no domingo, 1º de novembro de 2020. A 4ª eleição presidencial desde a declaração de independência da nação. Os eleitores poderão ou eleger um novo presidente ou reeleger o atual presidente Igor Dodon.
A data chave das eleições é 11 de novembro, após o qual o nome do novo presidente da Moldávia será conhecido.
O Secretário de Defesa dos EUA, Mark Epster, já anunciou que os EUA irão expandir ainda mais sua cooperação de defesa com a Bulgária e a Romênia. É provável que tais planos incluam a transferência urgente de empreiteiros militares de zonas de guerra para a Europa.
***
Dilyana Gaytandzhieva é uma jornalista investigativa búlgara, correspondente do Oriente Médio e fundadora da Arms Watch. Nos últimos dois anos, ela publicou uma série de relatórios reveladores sobre o fornecimento de armas a terroristas na Síria, Iraque e Iêmen. Seu trabalho atual está focado na documentação de crimes de guerra e exportação ilícita de armas para zonas de guerra ao redor do mundo.
Originalmente em Armswatch.com
